quinta-feira, 28 de abril de 2011

SERÁ QUE VEM???

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Do outro lado da rua vai um casal abraçado.
Eu vou sozinha nesse frio começo de noite.
Ir para casa sem ninguém do lado nunca foi um problema.
A gente só sente falta daquilo que um dia tivemos.
Eu nunca tive.
Logo nem sei como é.
Mas olhando esse casal, lembro que mais um inverno se aproxima.
E particularmente nesse, gostaria muito de estar acompanhada.
Rodeada de um silêncio que me conforta.
Que me atrai e me deixa dormir sossegada.
Gostaria muito de ter uma mão pra segurar quando a temperatura começar a cair nas madrugadas.
E claro, se não for pedir muito, gostaria também de ir embora, nem que seja por um dia, abraçado.
Assim, como esse casal.
Sinto uma ponta de inveja.
Amar não é tarefa fácil, mas ser amado deve ser a mesma sensação de ganhar na mega-sena acumulada.
Como nunca fui.
Logo também nem sei como é.
E se um dia fui, por favor, faça a gentileza de compartilhar comigo.
Não sou um ser de outro planeta.
Garanto que se você aproximar talvez poderá se encantar.
Mas não se engane com aparências meu caro.
Sou composta de gostos exóticos e extremos.
Capaz de me afastar de tudo aquilo que é convencional.
Até de você.
Não porque eu queira, mas me apreciar leva tempo.
E paciência. Aos montes.
As vezes sofro por carregar uma alma tão pesada.
Feita (eu acho) de muitas outras vidas que trago aqui no peito.
Nesse pensamento, agora aqui sozinha, caminhando por essas ruas entre faróis e buzinas.. me lembro de tudo que já foi.
E olhando esse casal sumir naquela esquina mais a frente, não consigo calar essa pergunta.
Será que um dia o amor ainda vem?

terça-feira, 26 de abril de 2011

AFIADA

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Olho diretamente para o relógio em um espaço de tempo muito curto.
O coitado mal tem tempo de rodar o ponteiro.
Talvez ele venha tentado trabalhar rapidamente, mas meus olhos são bem mais ligeiros.
Ao longo de todos esses dias que se passaram como raios, penso nas muitas renúncias que precisei fazer.
Acredito que elas talvez possam dizer muito mais sobre o que sou hoje do que minhas próprias escolhas.
Renunciar tem sido como uma construção de um grande edíficio.
Preciso de vários instrumentos para conseguir alcançar o que me propus a fazer.
E principalmente discernimento para distingui-las.
O que pode ser um caminho mais curto ao meu ver, possa ser para você muito longo.
Mas entendo que todas essas escolhas, feitas de muitas renúncias tem modificado pouco a pouco a minha vida.
O que antes me parecia impossível realizar somente com minha força de vontade hoje me parece tão simples quanto levantar duas horas mais cedo do que o previsto para iniciar as atividades.
Essas horas que salto antes da cama me possibilitam mais tempo comigo.
E tempo aqui nessa cidade grande é mais valioso do que dia de sol em feriado.
Hoje acordei com vontade de mandar uns recados pelo vento.
Mas a essa altura de tudo que acontece, o que menos preciso fazer é isso.
Dizer que mudei.
Basta me ver, pra saber que me tornei uma pessoa prática.
Força das circunstâncias que me cerca.
O que serve, fica. O que não serve, jogo fora.
Bem simples. Sem apego nenhum.
Isso inclui pessoas.
Mas dona Maria Iara (como às vezes me chamam por aqui), justo você jogar pessoas fora?
Infelizmente não sou perfeita.
E muitas vezes fui descartada como um guardanapo que não tem mais utilidade depois de usado.
Como tenho certeza que você também já foi.
Pois então, a gente aprende.
E sinceramente, se as descarto é pura e simplesmente porque de alguma forma não me fazem bem.
Incomodam, magoam, e me tornam um pouco infeliz.
Vai contra tudo aquilo que coloquei na estante como prioridade.
E lá no topo está uma palavrinha mágica: Felicidade.
Manter a felicidade dá muito mais trabalho que manter a própria vida.
Requer tempo, paciência e muito jogo de cintura.
Está bem, sei que acordei afiada. Mas qual o dia que não acordo?
A diferença é que na maioria das vezes as próprias farpas ao invés de saírem, me espetam.
Mas quer saber.
Hoje não.
Hoje coloco tudo pra fora.
Como quem tem certeza de uma coisa.
Que independente do olhar de quem está de fora do jogo, o principal é o olhar de quem está dentro.
E isso, aqui, faz muita diferença.
Quem eu quero, fica.
Quem não me completa, gira.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

AGRADEÇA

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Mesmo que o desânimo da segunda-feira chegue...
Lembre-se de uma coisinha:
Há muitos que gostariam de estar no seu lugar.
Feche os olhos por um segundo e agradeça.
Você é abençoado!!!

sábado, 23 de abril de 2011

DO QUE NÃO SEI.

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Nasci imperfeita para o amor.
Me perdi entre tantos caminhos.
Dei tantas voltas no mesmo lugar.
Sendo sempre aquela que pode ser chamada de companheira.
Aquela que dança com você a noite inteira.
Que te oferece o ombro e a risada.
Mas o que ainda não sei é ser amada.
Aqui ainda há muito para ser esculpido.
Bastante para ser lapidado.
Cheia de medos e de incertezas que nunca vão ter respostas.
Você diz que não há necessidade.
E te peço.
Me rendo e me entrego.
Me dá só um pouco dessa calmaria.
Cessa essa tempestade que não tem fim no coração.
Faz eu sentir o sabor desse amor que tantos falam por aí.
Desse tal de amor que não tem pressa.
Que descansa e repousa sossegado em uma rede.
Não desista.
Não vá embora diante desse meu olhar fechado em dias de sufoco.
Espera.
Fica aqui do meu lado.
Quieto como sempre.
Me olhe.
Olhe com esses olhos de quem já conhece todo nosso futuro.
E que mesmo conhecendo.. ainda me quer.

terça-feira, 19 de abril de 2011

DAS PEQUENAS, DESCOBERTAS

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Descobri que a nem sempre a ausência é algo ruim.
Pode também ser bom.
Depende de como a gente encara essa ausência todos os dias.
Faço da ausência de muitas pessoas motivo pra querer levantar todos os dias cedo.
Pois sei que a cada dia vivido mais próximo se torna o dia do encontro.
E assim é mais fácil saber lidar com a distância.
Distância boa é aquela que a gente sabe que do outro lado também somos amados.
Que mesmo estando aqui e aprendendo a amar esse lado, do outro é o velho e bom aconchego.
Quando sinto um nó na garganta sei que não é sufoco.
É saudade.
De ver os olhos que me conhecem e não me questionam.
Saudade de abraços que tem a medida certa da minha alegria.
Descobri que a gente tira força de não-sei-onde.
E também é bom saber que tenho essa força que nem sabia.
Alias, quanto mais conheço as pessoas, mais me conheço.
Cada uma delas me mostram um pouquinho como sou.
E nessa composição toda mais perto chego de ser quem eu desejo...
Simples, cada vez mais simples.
E por consequência, mais plena.
Descobri que certas coisas só são importantes porque nós a fazemos ser.
Que quando decido que não quero mais que essa coisa seja importante ela se transforma.
E aí o disco troca de lado e a música muda de tom.
Fazendo o balanço ser mais suave e do meu jeito.
Então penso o que faz a gente querer mudar as coisas?
Mudar o cabelo, a roupa, e a posição dos móveis?
Não sei.. mas deve ser a mesma sensação de descoberta.
De sede para tentar aprender que dá pra ser feliz sim.
Ser feliz do nosso jeito esquisito de ser.
Pois até hoje ainda não consegui definir o que é ser normal...
E sinceramente, no meio de tantas descobertas isso é o que verdadeiramente não é importante.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

LIBERTÉ




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Me tornei espelho das minhas escolhas.
O que já foi não me basta.
Gosto de possibilidades.
Até mesmo entre um longo pensamento e uma rápida recordação.
Nesse meio tempo posso até mudar de idéia.
E não me exalto se alguém me julgar como flexível demais.
Flexibilidade no meu ponto de vista tem tudo a ver com inteligência.
Saber pra que lado remar na hora do sufoco e esquecer o orgulho.
Quem se perde no caminho são os preocupados.
E preocupação entendo simplesmente como coisa de gente despreparada.
O que vem ou o que foi não está em minhas mãos.
E por isso prefiro entender a vida agora.
Não sou resultado de uma falha.
Sou a construção de uma bifurcação, depois de um trevo e me torno um rodoanel.
Cheia de caminhos.
Não tenho uma só vontade.
Tenho várias.
E pela manhã escolho uma delas e vou.
Acreditando que a escolha já tinha sido feita muito antes de eu querê-la.
A vida é assim ao meu ver.
Feita de movimento.
De idas e (pra mim) poucas vindas.
A cada trevo que chego me encanto com tantos lados.
Mas a cada caminho escolhido não volto mais naquele trevo.
Vou em busca sempre do próximo.
Procuro incansavelmente pelo novo.
Pois é o novo que me faz sentir que estou viva.
Por trás desse olhar que muitos encaram existe uma alma densa.
Que vibra na intensidade exata de cada vontade realizada.
E essas vontades não são nunca grandes acontecimentos.
Basta me cativar.
Me deixar livre para escolher entre tantas possibilidades.
E me respeitar.
 

terça-feira, 12 de abril de 2011

O PRIMEIRO MÊS

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É impossível não se encantar por esse lugar.
Aqui ou você ama ou você odeia.
Não existe meio termo.
Como se eu tivesse vivido um ano em um mês.
Mesmo que se eu precisasse voltar pra lá, eu já teria histórias suficientes pra contar .
Tudo aqui tem movimento.
Tem velocidade que meus olhos ainda não consegue acompanhar.
Quando acho que o céu firmou e pisco os olhos, ele muda de cor.
Por aqui as coisas acontecem assim.
E ainda consigo controlar meus passos na calçada enquanto o resto vai passando por mim em passos largos e apressados.
O sotaque diz de onde sou.
E faço questão de continuar com meus "uais" antes de iniciar qualquer frase.
Assim também ficar na espreita e faceira com o que está por vir.
Confio, mas como todo bom mineiro, também desconfio.
Por aqui os únicos pássaros que vejo são pombas.
Nenhum bem-te-vi cantando na minha janela...
Quando olho pro céu, são aviões e helicópteros quase o tempo todo.
Ainda fico que nem moça do interior olhando pro céu ao escutar os barulhos.
A lua só outro dia consegui avistar...
O céu naquele momento abriu um pouco.
Mas as estrelas... Estrelas ficou só na memória.
Estrelas, céu limpo, lua cheia é só lá em Minas.
As vezes sinto uma saudade incontrolável.
Mas me seguro.
Olho pra minha mala no canto do quarto pensando em enchê-la com o restante das minhas roupas e trazê-las.
Mas nunca penso em enchê-las pra voltar.
Sinceramente me preparei pra algo muito díficil, e por estar tão preparada pra falhar, me sinto imensamente orgulhosa por estar conseguindo me adaptar.
O segredo é não ficar pensando.
Não gasto mais meu tempo com o passado.
Me lembro das pessoas e dos possíveis encontros futuros com cada uma delas.
Mas não penso no que já foi.
Se não não vivo aqui. Vivo lá.
E daí toda essa mudança não seria real.
Os dias tem começo, meio e fim. Como os de lá.
Mas aqui o fim do dia pode ser apenas o começo.
Entende? Não... Também estou aprendendo essa dinâmica.
Quando saio a noite, meu pescoço depois até doe.
É tudo tão iluminado, tão claro que me encanta.
Diferente de passar férias e feriados, morar é mais interessante.
Posso ter mais calma ao observar as coisas em volta. Não preciso de fotografias.
Outro dia estive na Liberdade, alias, outra noite.
Quando o carro virou em uma esquina e me deparei com tantas luzes dos postes nem consegui pisar.
Fiquei tão envolvida que até senti vergonha por um momento de achar tudo aquilo novidade.
Mas depois pensei.. pra mim é. E ponto.
Então é isso. 

Quero continuar.
Pois a cada passo, meu suspiro é dobrado, e eu acho que ainda tenho muito pra aproveitar.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

ROMPER COM O ANTIGO.

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Existe uma carga negativa tão evidente em torno de uma despedida que faz com que tenhamos grande medo de dizer adeus.
Mas é preciso saber a hora certa de fazer isso.
O adeus deve vir de um amadurecimento de ideias que temos a certeza, que já não estamos felizes com a vida que levamos.
E para cada um existe esse momento de descoberta, de transformação.
É preciso saber identificar os pontos que nos levam a buscar essa nossa vida, mas principalmente saber lidar com a despedida dos caminhos que são previsíveis.
No inicio esse adeus nos trás uma sensação de desconforto, causado pela impressão que a vida está um caos e jamais retornará para os trilhos, mas é importante ter claro que é apenas mais uma fase da despedida.
O clima ainda é de organização e para sermos aquilo que queremos é preciso ter paciência nessa transição.
O que acontece nesse meio tempo é que as pessoas se perdem no caminho por causa desse sofrimento entre o antigo e o novo.
Não sabem conduzir esse abandono de velhos hábitos sem sofrerem por isso.
Praticar o desapego exige uma grande habilidade de iniciativas que nos levam a nos tornar livres de muitos comportamentos contraditórios.
E romper com tudo requer além de coragem muita racionalidade sobre a vida que pretende levar.
Conforto, estabilidade, rotina e certezas são deixados de lado nesse processo em busca de uma essência maior, porém reconhecer que o novo caminho será instável pelo menos no começo exige de qualquer ser humano uma maturidade importante.
Antes de qualquer adeus descompromissado é necessário se fazer um balanço e buscar verdadeiramente o que lhe incomoda nessa rotina. Às vezes podem ser simples hábitos que geram essa busca pelo novo.
Ou então, o que é mais comum de acontecer, um sinalzinho dentro de você apitando o tempo todo para ir atrás dos sonhos.
E se for esse o caso, mais ou menos dias você irá abandonar muitas coisas para ir tentar realizá-los.
Portanto, o mais importante é fazer um planejamento detalhado sobre a vida que se tem e a vida que se pretende ter.
E de posse dessas informações começar a dar adeus ao que não lhe satisfaz e ir em buscar do que lhe dá prazer de verdade.
O necessário nesse longo caminho de mudança é ter clareza suficiente pra saber lidar com possíveis frustrações e ter paciência para superar todas elas.
A propósito, lembre-se que jamais poderemos mudar o mundo sozinhos, mas você pode mudar o seu mundo quando quiser.
Seja honesto com suas vontades, e principalmente com suas verdades.