sexta-feira, 29 de outubro de 2010

COMO DEUS QUISER.

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No final de mais uma tarde ela sentou no banco da praça, comprou um sorvete e deixou-se levar.
O movimento da cidade. Os carros passando. Tantas pessoas apressadas.
Olhou o mundo como se tudo estivesse em camêra lenta.
Lembrou de muitas histórias. De todos os seus anos em volta daquela praça.
Nas subidas e descidas. Nos morros. Nos amigos que já partiram. Nos que ainda ficaram.
Sentiu o coração apertar.
Ela olhava aquela tarde com ar desconfiado, de menina pequena.
Enquanto sentia o sorvete descer gelado pela garganta imaginava como tudo seria dali pra frente.
Imaginou tudo em vão.
Nada que se imagina com perfeição acontece.
Na maioria das vezes tudo vem muito melhor que se sonha.
Os minutos foram passando. O dia foi caindo e ela continuou lá.
Quieta e distante.
Sem muita vontade de voltar para casa. Sem querer falar com ninguém.
Toda aquela paisagem em volta lhe pareceu diferente. Apesar de sempre estar todos os dias no mesmo lugar.
Tinha dias que ela queria jogar tudo para o alto e ir embora.
Mas naquele dia ela sentiu vontade de ficar.
Ela que sempre é mola para levantar as pessoas.
Que incentiva a mudança, que respira o novo, que sente vontade de voar.
Sentiu-se como um passarinho sem rumo. Sem defesa. Sem saber se fica... ou se vai.
Como poderia sentir tudo aquilo?
Como poderia pensar tudo isso?
Percebeu como ainda é frágil.  E lembrou de muitas pessoas que são fortes.
Sentiu orgulho delas.
Sentiu admiração.
Sentiu uma oscilação.
Entre a novidade e o medo.
Entre dar um passo para frente ou ficar no mesmo lugar.
Levantou-se e foi embora.
Decidiu não decidir nada.
E nem olhar mais para trás.

O futuro estava a sua espera.
E o seu destino será como Deus quiser....

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

VOCÊ QUE É.



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Você que é meu combustível.
Que me inspira.
Que é imagem e semelhança de Deus.
Você que está do outro lado da tela todos os dias.
Que me lê.
Você que se interessa pelas minhas palavras.
Que é os brinquedos que brincou.
Você que é as escolhas feitas no passado.
Que será o resultado das decisões de hoje no futuro.
Você que é a saudade de casa. Da comida da mãe, dos puxões de orelha do seu pai.
Você é o que lembra. O que pensa. O que sente.
Você que é a música daquele amor não esquecido.
É o que não deu certo.
É aquele frio na barriga do desconhecido.
Você é o tesão que sente.
É a comida que ingere.
É o sapato apertado que usa.
As gírias que fala, o sotaque que carrega, o cheiro de algumas frutas na infância.
Você é o seu time de futebol, os segredos que guardou ou que ainda guarda.
É aquele abraço inesperado, os gritos de nervoso, a calma na fila do banco.
Você é a impotência de não conseguir mudar certas coisas e pessoas.
O governo que te desaponta, a sensibilidade de uma dor.
Você que corre todo dia para chegar no horário.
Que as vezes esquece de dar atenção para seu relacionamento.
Você que fundo quer ser reconhecido pelo bom desempenho como profissional, filho (a), namorado (a), amigo(a).
Você que tem hora que olha para o lado e não sabe se vai ou se fica.
Você que já pensou em virar as costas e ir embora.
Que enfrenta o escuro, o tédio, o morno.
Você que deseja cometer alguns pecados.
E que se tivesse muita coragem e nenhum sentimento cometeria um crime.
Que acorda de mal humor na segunda e levanta de bom humor no sábado.
Você que mata um leão por dia.
Que tem passado despercebido no meio das multidões.
Assim como eu.
Você que é sim: especial, singular, iluminado.
Quero ser alguém que trás e faz a diferença na sua vida.
Quero ver, o que ninguém vê.

sábado, 23 de outubro de 2010

... DE TUDO QUE ME ENSINOU.

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Quando recebi aquela mensagem. Aquelas palavras foram suficientes para ter certeza que nos despedimos no momento certo.
No meio do caos, eu precisava de um porto seguro. Não de um ataque.
Com todo seu conhecimento você esperou meu grito, meu choro, minhas infinitas ligações de volta. Minha briga.
Você esperou por coisas que não vieram. E não vão mais vir.
Você tinha o discurso pronto para me confortar. O mesmo discurso de sempre.
Aquele discurso que você sempre dizia que eu tinha que ir em frente e deixá-lo. O que você dessa vez não esperava era que muito  antes do seu adeus, eu mesma já tinha partido.
Preciso te contar uma novidade, uma só no meio de tantas.
Estou incrivelmente feliz.  As madrugadas em claro foram substituídas por noites calmas de sono.
E que  me permiti muitas coisas nesse tempo. E isso me fez mais interessante. 
Você não sabe das pessoas maravilhosas que andam ao meu lado.
Agora eu posso escolher e não ser mais a escolhida. Eu vou escolher você.
Você??? Sim, você que me pediu coisas horríveis.
Mas eu escolho você mesmo.
Te escolho que é para você ser quem estará me esperando do outro lado da ponte. Te coloco lá bem longe para você ser aquela opção contrária da minha alegria.
Para que toda vez que eu cismar de que alguma coisa está dando errado... lá esteja você lá do outro lado, me acenando que as coisas poderiam ser bem pior.
Não é por vingança, por caridade, por desprezo. Mas sim, porque dentro de tudo que você me ensinou, inclusive coisas boas, você me ensinou coisas que nem o inimigo ensinaria para seu aprendiz.
Só por causa de todo esse tempo que você fez sombra na minha vida, aprendi a conhecer meus limites. O fio da navalha.
E hoje não me permito nada que seja menos do que uma grande felicidade constante.
Quantas vezes eu te quis de volta. Eu quis ser mais mulher para te agradar.
E em todas minhas mudanças físicas e pessoais o que descobri que me tornei mulher demais para você.
Mais forte, muito mais forte. E menos tempestuosa.
E se você hoje ganha de presente meu silêncio. Foi você que também me ensinou. Que o silêncio é um tapa de luvas no rosto de alguém que te ataca.
Você me ensinou que ao contrário do descaso quando te contam um sonho, eu devo sonhar junto com alguém.
Me ensinou como não enganar, quando optou por outros planos.
E me ensinou ainda mais, o quanto posso ser amada gratuitamente.
Hoje minha companhia é para poucos, hoje o que te sobrou são só lembranças e algumas antigas fotos.
Fotos que nem sou eu mais.
Hoje meus dedos escrevem. Escreve tudo aquilo que um dia você riu. Disse que era coisa de menina.
Quase desisti de fazer o que gosto. Quase.
Por isso te escolho e te coloco lá do outro lado.  Para eu ter certeza do quanto melhorei. Do quanto me tornei mais mulher.
Me desculpa... mas agora me toquei... quem você mesmo é?????

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

... DOS MEUS SUSPIROS.




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Ai que vontade de suspirar.
De me sentir despida só com um olhar.
De alguém chegando no portão pra me ver.
De ser o pensamento de alguém antes de dormir.
Ai que vontade de me apaixonar.
De ter mais um motivo para usar roupa nova.
De uma mão forte me segurando na cintura.
De alguém descobrindo meu jeito de fazer piadas.
De ficar procurando letras de música para mandar.
Ai que vontade de tomar sorvete de mãos dadas.
De encontrar graça no domingo.
De dançar de rosto colado.
De escrever um texto sem ter que falar nas entrelinhas.
De perder o fôlego.
De perder o medo.
De perder o chão.
Ai que vontade de sentir frio no estômago.
De mandar mensagens de celular.
De receber.
Ai que vontade que fosse agora e para sempre.
De que seja o último.
De que venha com o laço dos novos tempos.
Sei que estas por aí. Nas mãos de Deus.
De tão próximo e tão perto. Suspiro.
Ai que vontade de resolver isso o que nos ainda separa.
E o que ainda nos separa meu amor???
É somente o primeiro encontro.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

AME.


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Só me interesso por aquilo que pode mudar a vida. Acrescentar. Contribuir.
Do contrário nem viro a cabeça para olhar.
E acho que você também deveria fazer se não o mesmo, bem parecido.
Parar de perder tempo com o desnecessário, o inútil.
Tenho me encantado por pessoas. Por vidas diferentes, por histórias.
São esses casos, desabafos, risadas que me enriquecem.
Quando proseo com alguém, quando olho nos olhos, quando leio um email, quando escuto, quando faço do meu tempo doação, sem pedir nada em troca, nessas relações sinto mais intensa a presença de Deus.
Nas fragilidades que nos tornam mais humanos, vejo que tudo que nós precisamos constantemente é o amor.
Amor com pequenas doses diárias. Distribuídas em afetos, carinhos.
Amor com a demonstração de um abraço, em um sorriso, aperto de mão.
Na atenção dada a um telefonema de um amigo, no desabafo de um email de alguém querendo uma solução.
O que podemos fazer?
Amar. Sem querer benefício próprio.
Amar profundamente com o melhor que podemos ser na vida de alguém.
Estou aprendendo isso.
E por acreditar que esse é melhor caminho a seguir, tenho notado grandes diferenças na vida.
Quando amo alguém, estou amando a Deus. E quando amo a Deus, estou sendo obediente as suas palavras.
É um ciclo.
É escolher estar no caminho Dele.
Dessa forma, como está escrito na bíblia, em Mateus 6:3 "ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita", quer dizer...
Ame, sem tocar trombetas, sem gritar ao mundo, sem fazer grandes discursos.
Ame no seu coração, ame em gestos, em pensamentos, em oração.
E quando possível, ame doando seu tempo que muitas vezes é quase nenhum, mas que pode fazer diferença grande na vida de alguém.
E a recompensa se dará na sua vida, no seu íntimo, na paz que só quem consegue amar o seu próximo e amar a Deus, pode sentir.
Mudar o mundo é quase impossível. Mas mudar o seu mundo já um começo.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

HORTINHA MINHA

                             
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Que me perdoe algumas mulheres, mas flertar, é para poucas.
O balanço do andar. As palavras terminadas em sorriso. Os olhares.
Sem compromisso. Sem hora.  Sem razão.
LIVRE. 
De cobranças, de censuras, de mal humor.
Flertar faz bem pra alma. Massageia o ego. 
De repente você está lá. E a pessoa também.
E sabe-se lá o por quê você se sente atraída. Seja pelo olhar, pelos cabelos ou pela voz.
Você solta uma piada, ele ri. Faz um comentário. Segura o olhar no seu por alguns segundos.
Você ajeita o corpo na cadeira. E fica na sua.  Esperando um sinal.
A pessoa dá corda. Dá o picadeiro. Dá o tempo dela pra você.
Aproveito. Seduzo. Arrisco.
Faz parte da vida.
Puxo a melhor prosa. Passo o melhor baton. Solto o melhor sorriso.
De todas as perguntas, escolho somente as respostas que eu quero que ele saiba.
Tudo novo. De outro jeito.
Outro nome, outro sobrenome, outro apelido.
Outra profissão, outra cidade, outra história.
Flertar torna a mulher mais sutil.
É como se o universo conspirasse naquele momento para ser mais encantadora.
Faço do verbo flertar, a ação.
Testo até onde posso ir. Até onde consigo. Até onde ainda sei.
Sou recebida com elogios. Com entusiasmo. Com carinho.
Faço daquela tarde uma avaliação.
Do que ainda posso, do que espero, do que sou.
Flertar.
Sem malícia, sem maldade, sem jogo.
Capaz de mostrar até onde uma mulher tem a capacidade de seduzir.
De permitir.
De arriscar.
Descubro que nessa hortinha minha, tudo que se planta............
Ainda dá. (risos)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

SEIS DE OUTUBRO





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Em certa manhã de outubro, cheguei.
Naquela data comecei a amar as manhãs de sol, e os fins de tarde.
Tenho um jeito esperançoso de tarde e alma de noite. Mas todos meus sonhos são matinais.
São frescos, novos, puros.
Nessa manhã, vinte e quatro anos depois, sentei na frente do espelho por alguns minutos.
Apreciei o que a imagem mostrava.
O tempo aqui vai revelando seus sinais. Nada de rugas. Ainda.
Mas percebo especialmente esse ano, que envelhecer tem me feito bem.
Tudo está melhor. Inclusive eu mesma. Sim. As brigas comigo, acabaram.
Aprendi a escutar o que vem de dentro. Sem descontrole.
Ontem ouvi de uma pessoa que aqui dentro não tinha só vinte e quatro anos.
Que aqui, tinha muito mais que isso. Que para disfarçar um alma tão idosa eu apresentava um sorriso de menina.
Não sei se foi um elogio. Mas tomei como se fosse.
Hoje posso dizer com certeza que qualidade é sinônimo de amadurecimento.
Aos quinze, topava qualquer festa, em qualquer lugar, com qualquer companhia.
O importante era a velocidade dos acontecimentos.
Mas isso acabou, ainda bem.
O primeiro sintona de envelhecer aparecem nas escolhas.
Dos moços da minha vida até na minha comida. A qualidade refletindo em tudo.
Ontem no mercado me peguei lendo um rótulo. Na verdade já tem um tempinho que faço isso. Mas ontem "coloquei reparo" no que estava fazendo.
Quantidade de calorias. Valor nutricional. Acho que virei gente grande.
E nessas escolhas todas, escolher ficar sozinha por alguns meses foi escolher preferencialmente a minha companhia. Recusar telefonemas, encontros, flertes.
Sem dor na consciência. Aliviada.
E como tudo tem um preço, eu fiquei mais exigente.
E se agora quero tudo com qualidade, isso inclui o moço de primeira linha.
Fato.
Estou me dando ao luxo de muitas coisas. Amizades, trabalho, ficar em casa, descansar.
Não sei se é luxo ou merecimento. Mas são escolhas. Minhas.
A prioridade agora é ter tempo. E fazer do tempo outros tempos.
Não pergunte quais são as novidades. Elas não tem muita graça vista por outros olhos.
Mas só de pensá-las fazem os meus brilharem.
Já que hoje são vinte e quatro anos, do que ficou para trás não faço mais questão de lembrar.
O que interessa agora, é só o que vem pela frente.
Para a Iara Maria, minha querida companhia de todos esses anos, deixo meu melhor desejo:
Um feliz NOVO ano.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

MARIA


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Maria fechou muitas portas nos últimos dias.
Pediu licença delicadamente e as fechou.
Ela até embrulhou os sentimentos em um laço de fita e foi entregar pessoalmente.
Das doses de coragem vendidas por ai, Maria tem tomado a garrafa toda.
Outubro mexe com o estado dela. Considera que o ano novo incia-se em outubro e portanto precisa finalizar muitas coisas.
Joga fora papéis, escritos, sentimentos não correspondidos.
Transforma dor em amor.
Derruba muros e constrói pontes.
Abraça mais apertado, e olha pro céu mais vezes.
Lista os tombos do último ano e os coleciona.
Pra que sempre se recorde do quanto melhorou e de valor no realmente vale a pena.
Isso inclui principalmente pessoas.
Maria não sabe gostar pela metade. E ouviu outro dia que ela era muito estranha.
Só porque não queria mais gostar de uma pessoa.
Tudo bem, a gente não escolhe mesmo de quem gostar. Mas a gente pode escolher se quer esquecer não é?
Pois ela pensa assim. Se faz doer o coração ela custa mudar o disco. Na verdade fica tocando a mesma música por meses.
Mas aí a canção já não encanta. Maria não bota mais reparo na letra. É o que acontece é que ela desgosta.
E vai procurar outra novidade por aí.
Maria é dessas mulheres que encanta.
Carrega o mar no nome, e isso já justifica metade da sua paixão pela natureza.
Acha que o mar acalma os pensamentos, tranquiliza o coração e lava alma.
Quando o coração acelera demais, Maria lembra do mar. Mentaliza uma doce maré batendo no corpo.
Fica ali desejando aquela imensidão como se a sensação de paz fosse só encontrada nesse encontro.
E desse jeito suaviza suas emoções.
Nesse tempo de deixar algumas coisas para trás, ela aproveita e enche o coração de esperança.
Para cada tchau ofertado Maria planta uma semente de recomeço.
Desse jeito vai vivendo.
Vai lançando as novas sementes. Maria sabe que o que a espera tem haver com o Mar.
Bonito, encantador e emocionante.
Sente uma confiança vinda de todos os lados.
Sente que o ano novo está de braços abertos a esperando.
Sente a vida pulsando.
Ela corre ao encontro, sem pressa.
Como já dizia o poeta, Maria sabe que a felicidade começa com fé.