terça-feira, 12 de abril de 2011

O PRIMEIRO MÊS

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É impossível não se encantar por esse lugar.
Aqui ou você ama ou você odeia.
Não existe meio termo.
Como se eu tivesse vivido um ano em um mês.
Mesmo que se eu precisasse voltar pra lá, eu já teria histórias suficientes pra contar .
Tudo aqui tem movimento.
Tem velocidade que meus olhos ainda não consegue acompanhar.
Quando acho que o céu firmou e pisco os olhos, ele muda de cor.
Por aqui as coisas acontecem assim.
E ainda consigo controlar meus passos na calçada enquanto o resto vai passando por mim em passos largos e apressados.
O sotaque diz de onde sou.
E faço questão de continuar com meus "uais" antes de iniciar qualquer frase.
Assim também ficar na espreita e faceira com o que está por vir.
Confio, mas como todo bom mineiro, também desconfio.
Por aqui os únicos pássaros que vejo são pombas.
Nenhum bem-te-vi cantando na minha janela...
Quando olho pro céu, são aviões e helicópteros quase o tempo todo.
Ainda fico que nem moça do interior olhando pro céu ao escutar os barulhos.
A lua só outro dia consegui avistar...
O céu naquele momento abriu um pouco.
Mas as estrelas... Estrelas ficou só na memória.
Estrelas, céu limpo, lua cheia é só lá em Minas.
As vezes sinto uma saudade incontrolável.
Mas me seguro.
Olho pra minha mala no canto do quarto pensando em enchê-la com o restante das minhas roupas e trazê-las.
Mas nunca penso em enchê-las pra voltar.
Sinceramente me preparei pra algo muito díficil, e por estar tão preparada pra falhar, me sinto imensamente orgulhosa por estar conseguindo me adaptar.
O segredo é não ficar pensando.
Não gasto mais meu tempo com o passado.
Me lembro das pessoas e dos possíveis encontros futuros com cada uma delas.
Mas não penso no que já foi.
Se não não vivo aqui. Vivo lá.
E daí toda essa mudança não seria real.
Os dias tem começo, meio e fim. Como os de lá.
Mas aqui o fim do dia pode ser apenas o começo.
Entende? Não... Também estou aprendendo essa dinâmica.
Quando saio a noite, meu pescoço depois até doe.
É tudo tão iluminado, tão claro que me encanta.
Diferente de passar férias e feriados, morar é mais interessante.
Posso ter mais calma ao observar as coisas em volta. Não preciso de fotografias.
Outro dia estive na Liberdade, alias, outra noite.
Quando o carro virou em uma esquina e me deparei com tantas luzes dos postes nem consegui pisar.
Fiquei tão envolvida que até senti vergonha por um momento de achar tudo aquilo novidade.
Mas depois pensei.. pra mim é. E ponto.
Então é isso. 

Quero continuar.
Pois a cada passo, meu suspiro é dobrado, e eu acho que ainda tenho muito pra aproveitar.

Um comentário:

  1. Terra da garoa, do concreto, das raridades que crescem das frestas fazendo do detalhe ainda mais belo.

    Minha terra, e é isso que você disse, é preciso amá-la para ficar.

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