sexta-feira, 22 de julho de 2011

MINHA CONDIÇÃO

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Sim.
Apaixonar não é mais verbo passageiro no coração.
Não é mais um estado de graça.
Apaixonar se tornou uma condição.
A condição que é preciso viver cada dia que amanhece.
Apaixonar é mais que sentir pelo corpo arrepios alucinantes.
Mais que tocar lábios.
Que experimentar novas sensações.
Sim.
Apaixonar é quando você encontra no outro seu próprio reflexo.
O reflexo dos defeitos, dos efeitos, das manias.
De uma qualidade quase que esquecida mas que o outro insiste em te lembrar.
Apaixonar é quando você mesmo preso, tem asas.
Quando você pode ir longe mas sempre quer voltar.
É fechar os olhos e dizer que confia.
Que acredita.
Que espera.
É pular em uma piscina de roupa, é dançar como se ninguém estivesse olhando.
Faz os dias serem mais azuis mesmo quando está tudo cinza.
Faz querer fazer escolhas.
Escolhas que você acharia que nunca as fizesse.
E as faz por opção.
Por amor.
Apaixonar nos faz não ter mais medidas.
E nem medir mais os esforços.
E vira a mola propulsora que nos empurra pra frente.
Que nos deixa livres pra ser quem somos.

Que é permitido escolher.
Escolher ser o melhor que puder ser na vida de alguém.

(Iara Maria)
Especialmente para José.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

IR.

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"Uma fresta.
Por onde só entra poucos raios de luz.
Por onde mal se pode mexer, respirar, ou fazer qualquer movimento.
Uma fresta que insiste em te dizer que você não irá conseguir.
Que ali não te cabe, que você jamais chegará do outro lado.
Que jamais contemplará toda beleza que existe ali.
É assim que sinto a vida querer esmagar os sonhos.
Querer sufocar o corpo contra aquelas paredes até não aguentar mais.
Mas vou frente.
Vou em busca.
Sem desistir.
Sem dormir.
Dou um passo de cada vez, e às vezes preciso voltar alguns para trás e respirar.
Tiro força da fonte quase seca.
Mas a cada gota que pinga eu a transformo em um mar de vontades.
Desistir não é palavra pra quem quer chegar lá.
Quem precisa sair dessa fresta e sentir novamente os pulmões respirarem tranquilamente.
Vou em frente.
Só consigo enxergar o alvo.
E mesmo que tudo pareça escuro, e não sinta nenhuma segurança embaixo dos meus pés.
Sei que a fé é que me faz ficar firme.
E seguir.
E ir."

sexta-feira, 15 de julho de 2011

JOSÉ E MARIA

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José encantou Maria pelos olhares quase que despercebidos.
Olhares que sabiam o que o coração falava docemente.
Maria não podia esconder de José seus pensamentos.
Era impossível dizer uma coisa e sentir outra.
José logo percebia a voz trêmula de Maria que tentava disfarçar com risadas.
Percebia no toque das mãos quentes que aquecia as mãos geladas de Maria.
Ela não aprendeu a ter diálogos distantes de José.
Qualquer palavra dita era preciso um toque.
Era preciso um esbarrão. Um carinho descompromissado.
Maria não entendia aquele jeito quieto e espontâneo de José.
Mas sabia que o que sentia aumentava um pouco mais a cada dia.
Tentava esquecer, se anular, se perder.
Até que um dia Maria teve uma grande surpresa.
José havia se apaixonado por ela.
Havia se encantado pelos olhares suaves que Maria disparava em sua direção.
Gostava do jeito que Maria o rodopiava pelo salão.
E não mais se conteve.
A reciprocidade foi instantânea, como nos filmes antigos que os casais se namoram pelo olhar.
Eles se beijaram.
E aquele beijo aconteceu diante de uma platéia anônima que passava despercebida por aquele lugar.
Sem saber que ali começava um grande amor.
Eles se abraçaram.
Como se aquele abraço estivesse guardado há muitos anos.
Como se Maria havia esperado muito tempo para descobrir que aquele rosto era o rosto do seu amor.
Que aquela companhia de José era a companhia que em oração pedia todos os dias a Deus.
Como se sensação de medo fosse anestesiada pela sensação do amor.
Maria não havia perdido o gosto pelo afeto.
Maria nunca tivera sido fraca para relacionamentos.
O que veio antes é que nunca foi forte o suficiente para prender Maria.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

SOBRE ELE.

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Houve um tempo em que achei que você não vinha.
Enfeitei tanto a casa para sua chegada. Colocava flores e música.
Sentava no sofá e retocava o batom todos os dias.
Como uma rotina.
Mas nada.
Tudo que chegava não passava de ventos que bagunçavam toda a sala que estava a sua espera.
E iam embora deixando tudo pelo chão aos cacos.
Me fazendo reconstruir cada parte. Gastando tempo, coração, e paciência.
Mas eu continuei rezando para que um vento se transformasse em brisa e perfumasse o ambiente.
Continuei acreditando.
Até o dia que desacreditei de tudo. E resolvi levantar daquele sofá.
Tirar as flores, a música e o batom.
Bendito foi esse dia. Levantei com vontade. Com querer.
Que quando você chegou eu não tinha mais nada preparado.
Nada enfeitado. Nada arrumado.
Quis tentar arrumar tudo as pressas, mas não foi preciso.
Você tocou em meus ombros e disse que gostava de tudo como estava.
Que gostava do sorriso sincero, da risada engraçada, do jeito de conduzir as coisas.
Eu olhei com um jeito de quem não acreditava no que via. E nem no que sentia.
Você vinha de outros mares, outras histórias, outro mundo.
Vinha de passos apressados, de coração grande, de braços abertos.
Você vinha dia a dia em minha direção sem dizer nada demais.
E do nada demais, virou tudo demais.
De repente me vi ali, sem saída, sem ter como voltar, sem querer voltar. Somente ir.
Olhando para até então, o oposto de tudo que veio antes.
O oposto de tudo que já tinha chegado e transformado.
Olhando pra todas as qualidades que sonhava mas que nunca teve um rosto ou um endereço exato.
E agora eu não precisava mais de esperar. Eu só precisava de paciência.
Daquela paciência que todos os dias Deus sussurrava em  meu ouvido.
Eu sei que estou pronta. Sei que é você.
E mesmo que ninguém mais saiba, que entenda, ou até mesmo aceite.
Vem você me dizer que também sou eu.
E pronto, posso quase tocar em toda essa cumplicidade.