terça-feira, 2 de novembro de 2010

COMO SE FOSSE POSSÍVEL.

                           
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Tenho evitado escrever.
Adiado e guardado as frases para um momento melhor.
Como se as palavras fossem tão encantadas que pudessem ficar me esperando dentro de uma caixinha.
Tenho evitado pensar.
Fugido de certos pensamentos que não me deixam em paz.
Esperando essa saudade ir embora.
Tenho evitado saber.
Escolhendo lugares por onde não passar.
Querendo que a cidade cresça e se transforme em uma metrópole.
Tenho evitado sentir.
Não escutando músicas com discursos amorosos.
E não permitindo sonhar de olhos abertos.
Tenho evitado a solidão.
Companhia de livros e pessoas.
Prosas regadas com comida e bebida.
Tenho evitado chorar.
Engolindo o disabores da espera.
Tomando banhos sem fim.
Tenho evitado o telefone.
Objeto perigoso quando a lucidez vai embora.
Ou então capaz de deixar aflito diante de tanto silêncio.
Tenho evitado enlouquecer.
Respiro profundamente antes de gritar.
Caminho sem destino certo querendo me livrar.
Tenho evitado tantas coisas.
Tudo por um único motivo.
O de não me lembrar mais de você.
Como se isso ainda fosse póssível.

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