segunda-feira, 30 de maio de 2011

23 DE MAIO.

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Foi ali, sob a sombra de uma árvore que você repousou.
Ali em meio a tanto verde, água, peixes e bancos.
Foi ali, que pela primeira vez percebi o coração bater na garganta.
Ali onde eu senti as pernas fraquejarem e eu não ter domínio algum sobre elas.
Na primeira manhã que te perdi, me senti mais cansada do que triste.
O cansaço veio por chorar até a exaustão.
Naquela manhã de outono o dia amanheceu bonito.
Como você.
Havia um sol que não queimava, mas aquecia. Poucas nuvens. Brisas suaves.
Nenhum fato marcante no mundo.
Na noite anterior, algum anjo deve ter vindo sussurrar no meu ouvido e eu nem entendi.
Caminhava sem pensamento fixo quando soltei:
-Hoje é 23 de maio. Eu queria saber o que aconteceu hoje de tão importante pra uma avenida tão grande daqui ter esse nome.
Três horas depois recebi a resposta.
A resposta que eu temia ouvir independente da minha idade, do dia, do ano.
Uma notícia que eu sabia que um dia aconteceria.
Mas que nunca estaria preparada para recebê-la.
Perder você foi perder um pouco de mim.
Um pouco do que sou. Do que fui. Do que ainda serei.
Sabe, não sei se um dia vou chegar na metade do seu caminho.
Mas se eu chegar até onde você deu seu primeiro passo, terei certeza que fui abençoada.
Devo ter herdado de você essa vontade de sempre ir em frente.
E é por isso que vou continuar.
Você não verá (ou verá???) muitas coisas que ainda estão por vir, mas tenho certeza que me ajudará a conquistá-las.
A tristeza ainda está por aqui. E eu não vou pedir para ela ir embora.
Deixa ela ficar aqui, no cantinho dela. O tempo que for necessário.
Um dia ela também partirá, e no lugar ficará a saudade.
Uma saudade boa.
Das suas histórias, sorrisos, piadas, e conversas.
Ficará a lembrança da sua pose, do brilho dos seus sapatos, da maciez que tinha as suas camisas.
Sentirei por toda vida essa saudade.
Mas também sentirei todo amor que carrego.
Imensurável. Real. Concreto.
Eu fico por aqui.
Calada.
Introspectiva.
Até ter vontade novamente de sorrir com a vida.
Eu sei que a vontade volta. Que a dor acaba. Que a roda gira.
Mas não me esforço para que nada aconteça logo.
Me esforço para seguir. Persistir. Ter fé.
Uma fé tão encantadora como a sua.
A fé que me faz crer que fui privilegiada por ter desfrutado da sua presença em todos esses anos.
E principalmente por ter crescido no seu amor.
Hoje faz uma semana que você não está aqui.
Mas ainda sinto como se estivesse.
Frear as lágrimas diante de algumas lembranças ainda é coisa distante pra mim.
Mas já não choro incansavelmente. E nem para que os outros vejam.
Me emociono. Silencio. E faço uma prece.
Eu sei. Sei que você estará sempre comigo.
Independente de eu conseguir entender tudo que está entre o céu e a terra...Só quem tem o dom de amar consegue compreender a falta que você me faz.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

MEADOS DE JULHO.

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Sinto uma saudade de meados de julho de dois mil e oito.
Metade da minha coragem vem daquela época.
Vem desses meados que não fiz as escolhas certas.
Que eu deveria ter sido mais firme. Mais honesta comigo. E não fui.
Penso e recordo daquele ano com um sabor na boca do que não consegui viver.
Que deixei para depois. Mas que o depois nunca chegou.
Das lembranças doces vem as tardes de inverno. Do céu azul. Dele.
Vem músicas, vozes, promessas. Muitas.
Aqui dentro ficou uma vontade de tudo que poderia ter sido.
Que desejou ardentemente por ter mais força para romper.
Mas que não rompeu.
Ficou só na memória. No coração. Na alma.
Ficou o que levei muito tempo para experimentar. Para tocar. Para sentir.
Aquele ano fez brotar de mim coragem.
E não consigo mais deixar nada para depois.
Com o mesmo medo. O medo de não existir esse depois.
De todas minhas histórias. Essa que me recordo mais.
Vem sempre um aperto no peito.
Um rosto na lembrança.
Um encanto.
Vem sempre essa magia que se arrasta por esses últimos anos.
E que eu sei. Sinto. Lembro.
Que jamais irá passar.
Essa saudade de meados de julho daquele ano ficará comigo.
Por muito. Muito tempo.


quinta-feira, 19 de maio de 2011

A VELHA ESPÉCIE.

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O que uma mulher inteligente falaria sobre os homens?

Bem, longe de me julgar como tal.
Mas já que tenho um cérebro ativo posso até arriscar um pitaco ao meu modo.
Os homens me despertam atenção quando são dotados de inteligência.
Capazes de misturar humor com bom senso.
Nada me encanta mais no universo masculino do que os que sabem prosear.
Infelizmente nenhum deles vem com manual de instruções.
E mesmo que viessem, jamais iria querer um.
Gosto da peculiaridade que os transforma em seres rústicos e de pouca vaidade.
Que não disputam o espelho com a mulher .
Homens que me fascinam não são misteriosos, não gostam de seduzir o tempo todo e muito menos tem um par de olhos lindos.
Os que me seduzem (sem malícia) geralmente são de pouca ou quase nenhuma beleza física.
Mas vem com uma alma tão enobrecedora que chego a querer ficar bem perto pra ver se aprendo algo.
Nesses casos gosto de trata-los como pequenas pedras preciosas.
Como diamantes brutos que poucas mulheres conseguem enxergar.
Homens maravilhosos não estão em extinção. (Não????)
Não.
São encontrados por aí levantando as 6 da manhã. Trabalhando. Dirigindo. Correndo.
Aos finais de semana podem ser vistos em botecos com os amigos, lavando roupa em casa ou quem sabe na fila do supermercado.
São seres normais.
Mas para apreciá-los é preciso de muita sensibilidade feminina.
A mulher precisa ter tato. Feeling.
Não é qualquer mulher que consegue diferenciar um homem maravilhoso do saco de batatas podres.
Para isso, nós mulheres precisamos estar sempre observando o comportamento.
Principalmente o que fazem com sua inteligência. De que forma a usam.
Se é para o bem ou para o mal.
Você, mulher, como eu, tem que dar carinho. Muito.
Nós precisamos de atenção o tempo todo. Eles, carinho.
Carinho em forma de conversa, de um abraço, de um email ou quem sabe de uma ligação.
Carinho em forma de pensamentos bons, de amizade, de companheirismo e de respeito.
Apesar de serem rústicos se emocionam como nós.
Carregam coração e alma que junto com o caráter faz aos olhos de nós mulheres apaixonarem.
Conquistar a confiança de um homem é muito mais díficil que conquistar de nós mulheres. Não somos seres bobos e muito menos frágeis.
Mas eles, por natureza, são mais desconfiados. São mais quietos. E calados.
Nós precisamos ir com calma com cada um.
Pois ao contrário do que dizem por aí, eles não são iguais.
O que digo, penso e afirmo é que nunca conseguiria viver longe dessa espécie.
Eles me fazem pensar, raciocinar, crescer.
Me envolve em uma teia de predicados que aprecio e que gosto de observar.
Assumo que não os entendo por completo, mas qual a graça teria se um dia os entendessem???

segunda-feira, 16 de maio de 2011

PLATÔNICO

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Eu sei que ele sabe.
Ele finge que não sabe.
E eu fingo que não sei que ele sabe.
Mas a gente se olha.
E às vezes, nem precisa de saber.
O que todo mundo já percebeu.
Que eu estou gostando de você.
Eu nem consigo disfarçar.
Você fica sem lugar.
Eu fico por entender.
Como pode alguém assim conseguir namorar justo você?
Você bem que tenta não se entregar.
Eu bem que tento não te olhar.
Mas quando você chega eu não mando mais em mim.
Você muda de lugar.
Troca de posição.
Baixa a cabeça e vira em outra direção.
Eu continuo ali parada.
Sem saber muito pra onde ir.
Às vezes você toca em minha mão.
Eu puxo por reflexo.
E no mesmo instante me arrependo dessa decisão.
Você nunca me disse nada.
Eu nunca te perguntei.
Mas qual de nós dois vai confessar tudo de uma vez???

quinta-feira, 12 de maio de 2011

O SEGUNDO MÊS.

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Agora já sei até nomes de ruas.
E alguns lugares como referência.
Sei que se atravessar fora da faixa corro um grande risco de morrer.
E que se andar mais rápido ganho mais tempo para fazer outras coisas interessantes.
Agora já sei que se olhar o céu pela janela de manhã não quer dizer nada.
Porque aqui as quatro estações acontecem ao longo do dia.
E que carregar a sombrinha dentro da bolsa junto com a escova de dente e um halls nunca é demais.
Agora já sei que o sotaque não vai embora mesmo.
E que as pessoas gostam de ouvir uma mineira falar engolindo o final das palavras.
Sei também que o Corinthians tem a mesma fama de maloqueiro que tinha lá.
Agora já sei que o trânsito aqui não é pra quem é lento.
E que dar seta quer dizer logicamente que o cara vai entrar você dando passagem ou não.
Sei que ter insulfilme nos vidros não é pra enfeitar o carro, mas é questão de segurança.
Agora já sei que passar de carro em uma avenida não é a mesma coisa que passar a pé.
Que os poucos minutos que talvez você consiga atravessar ela de carro, você gasta uma hora só caminhando.
E que aqui tudo tem fila, e geralmente ninguém reclama porque todo mundo já está acostumado.
Agora já sei que atrasar não quer dizer necessariamente que você fez alguma coisa pra que isso acontecesse.
Os atrasos aqui acontece porque o relógio corre mais rápido que um carro na marginal no horário de pico.
E que se vendesse paciência em cápsulas, todo paulistano compraria.
E talvez haveria menos caras feias pela manhã.
Agora já sei que a máquina de lavar roupa + sol  é a fórmula perfeita para você economizar tempo no domingo.
E que sábado de manhã continua tendo o mesmo frescor que os sábados de lá.
E as tardes continuam a me trazer uma sensação de saber o que está acontecendo no mundo.
Agora já sei que se continuar comendo tudo de bom que vê pela frente engorda de verdade.
E que caminhar na avenida movimentada é termômetro para qualquer mulher que tem alguma dúvida sobre sua aparência.
Mas que ficar séria e concentrada ajuda a impor respeito.
Agora já sei que meu jeito de menina não influencia nas minhas amizades.
Que as pessoas aqui que me abrem um sorrisso eu já vou logo dando um abraço.
E que tem muita gente boa nessa terra de tantos estranhos.
E que a cada dia que passa mais portas e janelas se abrem.
E que estou no lugar certo.
No momento certo.
Na hora certa.
Graças a Deus.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

RECOMENDAÇÕES

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No deserto só sobrevive as pessoas inteligentes de alma.
Que sabem que é preciso ter muito mais paciência que agilidade.
Estar no deserto requer fé.
Fé para continuar a caminhar dia após dia sem ter nenhum horizonte.
A fé te impulsiona e te mantém firme nas promessas de Deus.
E este certamente estará te segurando no colo.
Talvez essa seca toda em volta seja para aprender algo.
Algo que você vai precisar no futuro.
Aproveite esse tempo para se fortalecer.
Para amadurecer sonhos e ideias.
Se encha de um combustível chamado esperança.
Levante e diga: é hoje.
E mesmo que ainda não seja, tente viver como se fosse.
A cabeça tem que ser firme. Tem que estar firme. Tem que permanecer o tempo todo firme.
Haverá dias de choro, de desânimo, de raiva ou até mesmo de tristeza.
Mas esses dias passarão.
E você deve continuar a caminhar.
Não se entregue a um quarto vazio.
Não fique reclamando o tempo todo.
Não gaste sua energia com o desnecessário.
Economize palavras.
Silencie e aguarde.
Sua vez. Sua hora. Seu momento.
Tudo que você precisa para sua sobrevivência, Deus providenciará.
Tudo que seu coração deseja, certamente Deus fará ainda melhor.
Melhor que teus sonhos conseguem enxergar.
É por isso que é preciso esperar.
Se está nesse deserto, sem saber para qual lado ir.
Saiba como és especial aos olhos de Deus.
Saiba que Ele está agindo, mas Ele quer que você amadureça nesse tempo.
Que aprenda, que se fortifique, para quando suas promessas sejam realizadas, você saiba aproveitá-las.
Ore, pedindo sabedoria.
Peça paciência.
O tempo que se fica no deserto não importa.
Quando você sair dele, pouco se lembrará de como demorou.
Lembrará somente de tudo que aprendeu e de como mudou.
Outros desertos virão ao longo da vida.
Mas o primeiro deserto é inesquecível.
Você se recordará sempre de como se comportar.
E a melhor coisa a se fazer nesse tempo é saber esperar.
E aprender.
Muito.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

BENEDITA

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O seu olhar naquela rodoviária era de quem já sabia meu destino há muito tempo.
Eu não conheço sua relação com Deus.
Mas sei que vocês são muito chegados.
E Ele deve ter cochichado no seu ouvido que era pra você dormir sossegada.
Você me olhou de um jeito que eu jamais vou esquecer.
Minhas partidas sempre tinham data de retorno.
Mas nesse dia você sabia que tinha criado uma pequena fortaleza.
E me encorajou.
Só pelo olhar.
A gente nunca foi de ficar trocando palavra carinhosa.
Mas sempre o seu carinho vinha com sua eterna preocupação e puxões de orelha.
E dessa forma fui traçando meus contornos e construindo meus alicerces.
Eu sinto sua falta aqui.
É que tudo que meus olhos julgam como novidade ou interesse eu gostaria que os seus também pudessem olhar.
Vem daí toda essa saudade .
De querer ver você enxergar comigo.
Descobrindo tanta novidade como se tivesse minha idade e nunca tivesse vivido nadinha.
Você do meu lado é companhia certa.
A gente ri até do que não tem graça.
E mesmo sabendo que não tem graça, a gente tem nosso jeito de se entender.
E não é porque te conheço há 24 anos que faço isso.
É porque eu acho que já viemos juntas de outras vidas.
Quem sabe eu já até fui sua mãe e você minha filha.
Vai saber não é?!
Como você sabe eu acredito em quase tudo. Até que me provem ao contrário.
E aqui, eu não penso em você.
Mas por favor não se espante.
Eu não penso pra disfarçar sua falta do meu lado.
É que toda vez que lembro de você me olhando vir embora, me dá uma nó na garganta.
E prometi só chorar quando a dor fosse de barriga ou quando o dedinho do pé encontrasse uma quina.
Do contrário eu iria driblar esse nó na garganta fazendo um laço.
É por isso que não penso em você.
Mas te sinto.
Te sinto todos os dias e minutos.
Você está presente no meu jeito de falar e no tom da voz.
Eu sou seu reflexo nessa terra de estranhos.
Sabe Dona Dita, algo me diz que ainda vai ouvir falar muito de mim por aí.
E acho que a senhora sabe disso desde que olhou pela primeira vez.
Eu nasci com asas.
E graças a Deus a senhora nunca as cortou.
(Iara Maria)
Pra Dona Dita, meu amor maior.

terça-feira, 3 de maio de 2011

MARIA CALOU-SE

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De repente ela ouviu o que mais temia.
Maria era fraca pro amor.
As palavras sairam da boca dele como se fossem desses palavrões bem cabeludos.
Embora Maria sabia dessa verdade há muitos anos, constatou que alguém havia reparado.
Engoliu a seco sem nenhum copo de d'agua para ajudar.
Mas nessas alturas, ela queria era um copo de uma bebida bem forte.
Que era para digerir melhor.
Não se importava com o que os outros pensava.
Porém precisava disfarçar melhor essa inaptidão para o amor.
Sabia que se a notícia corresse por aí, seria grande os destroços encontrados.
Por onde passou, ela deixou alguma marca.
Ora era em seu próprio coração.
Ora era no coração de quem se relacionava.
Maria tinha duas almas.
A moça-alegre-carismatica que encantava.
E o lado perverso que destruia.
Era uma luta pertubadora.
Bastava sem encantar por alguém que começava as confusões.
O que Maria não sabia que isso ficou visível para quem estava de fora.
Pensou em levantar da cadeira e sair correndo pra longe.
Mas sabia que isso seria seu lado perverso assinando o papel em branco para confessar.
Preferiu render-se.
Entregar-se.
E dizer que realmente não era um ser perfeito.
Embora para muitas coisas ela era colada com a perfeição sabia que para o amor era fraca.
E calou-se.
Como alguém que acaba de confessar o seu pior crime.
Maria não sabia conduzir o carroagem do amor.
E muito menos domar as rédeas que eram colocadas em sua mãos.
Sentiu um aperto no peito por se sentir incapaz para amar dessa forma.
Sentiu uma vontade imensa de pedir para alguém ensiná-la.
Mas calou-se.
Calou e aceitou sua condição.
Dessa vez sem lágrimas. 
Sem mágoas.
Maria já havia crescido o suficiente para compreender que não poderia saber tudo.