segunda-feira, 6 de junho de 2011

SOU MINEIRA.

(..)Sou das Minas de ouro, das montanhas gerais
Eu sou filha dos montes e das estradas reais"(..)

Paula Fernandes


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É engolindo o final de cada palavra e olhando desconfiada que conquisto o mundo.
Vou pela beirada, quieta,na minha.
Levo comigo um terço pras noites de reza que faço no coração.
Não conto um conto antes da certeza.
E nem arrisco ficar de muita prosa com quem ainda não conheço.
Escrevo como falo.
E falo como escrevo.
Não meço as concordâncias nas frases.
E mesmo que eu ainda queria corrigir no final retomo meu jeito de falar.
Se está tudo errado não me sinto ofendida.
Me ofendo quando não posso continuar com meu sotaque.
Nunca pensei em chegar até aqui.
Nem mesmo planejei. Mas agora vivo o que nunca nem sonhei.

Engraçado é o desenrolar da vida.
Moça pronta que sou, não do trela pra tristeza.
Os dias que eram cinzas ficaram cheios de cor em um lugar que nada parece ser colorido.
Nesse estica e puxa do relógio conheço cada dia um ângulo novo.
E me sinto tão a vontade nesse quintal que parece que nunca sai daqui antes.
Já não percorro as ruas com olhos esfomeados por novidades.
Sei que a cada esquina a surpresa é garantida.
Ando por entre esses prédios como quem desbrava montanhas e serras.
Só não acostumo com a água guardada no plástico.
Sinto saudade da água fresquinha na caneca de alumínio pingada do filtro de barro.
Sou faceira nessa terra. Confio jogando o laço.
Espero arrematar a presa pra ter controle da situação.
Observo cada lance. Pesco cada olhar antes de ter meu palpite.
E ainda sim as vezes escorrego.
Mas não caio.
E se tombo pra um lado num instante me levanto.
Lá de onde venho as moças são ligeiras.
E quase sempre encantadoras.
Guardam segredos no coração capazes de deixar qualquer queixo caído.
Mas sabem contornar uma situação com muito jogo de cintura.
Não há quem resista nessa terra de garoa a um sorriso de uma mineira.
Não há paulista que não sinta vontade de lapidar esse diamante bruto.
Sou mineira.
Ora com saudade.
Ora com orgulho.

Um comentário:

  1. É engolindo o final de cada palavra e olhando desconfiada que conquisto o mundo.

    Belíssimo texto mineirinha! Gosto dessas viagens que vc proporciona a quem lê...

    Um grande beijo!

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