.
.
.
No final de mais uma tarde ela sentou no banco da praça, comprou um sorvete e deixou-se levar.
O movimento da cidade. Os carros passando. Tantas pessoas apressadas.
Olhou o mundo como se tudo estivesse em camêra lenta.
Lembrou de muitas histórias. De todos os seus anos em volta daquela praça.
Nas subidas e descidas. Nos morros. Nos amigos que já partiram. Nos que ainda ficaram.
Sentiu o coração apertar.
Ela olhava aquela tarde com ar desconfiado, de menina pequena.
Enquanto sentia o sorvete descer gelado pela garganta imaginava como tudo seria dali pra frente.
Imaginou tudo em vão.
Nada que se imagina com perfeição acontece.
Na maioria das vezes tudo vem muito melhor que se sonha.
Os minutos foram passando. O dia foi caindo e ela continuou lá.
Quieta e distante.
Sem muita vontade de voltar para casa. Sem querer falar com ninguém.
Toda aquela paisagem em volta lhe pareceu diferente. Apesar de sempre estar todos os dias no mesmo lugar.
Tinha dias que ela queria jogar tudo para o alto e ir embora.
Mas naquele dia ela sentiu vontade de ficar.
Ela que sempre é mola para levantar as pessoas.
Que incentiva a mudança, que respira o novo, que sente vontade de voar.
Sentiu-se como um passarinho sem rumo. Sem defesa. Sem saber se fica... ou se vai.
Como poderia sentir tudo aquilo?
Como poderia pensar tudo isso?
Percebeu como ainda é frágil. E lembrou de muitas pessoas que são fortes.
Sentiu orgulho delas.
Sentiu admiração.
Sentiu uma oscilação.
Entre a novidade e o medo.
Entre dar um passo para frente ou ficar no mesmo lugar.
Levantou-se e foi embora.
Decidiu não decidir nada.
E nem olhar mais para trás.
O futuro estava a sua espera.
E o seu destino será como Deus quiser....